O Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema complexo e seu aparecimento depende de fatores biológicos e ambientais. Em grande medida, os sintomas são secundários a alterações de função e estrutura do sistema nervoso central. Em menor escala, elementos como alimentação e estilo de vida desempenham um papel no aparecimento e na relevância do impacto sobre a vida das pessoas.
Algumas pessoas acreditam que o TDAH não existe e que ele é só uma maneira que os pais e as escolas têm de formatar o comportamento das crianças, tirando sua espontaneidade e minando sua criatividade. Nessa teoria de conspiração que garante que o Déficit de Atenção e Hiperatividade não existia até alguns anos atrás, o esquema é orquestrado pela indústria farmacêutica com a intenção de vender remédios para as crianças.
A questão que devemos buscar compreender é se o TDAH é fruto da natureza ou da nutrição, ou seja, se é algo biológico ou cultural. Porque a partir daí poderemos mudar o que é possível e oferecer abordagens diferentes para cada caso.
Para contragosto dos adeptos da teoria da conspiração, 60 a 80% do TDAH tem base genética. Isso quer dizer que filhos de portadores de déficit de atenção criados por outras famílias terão a herança, mesmo sem ter o contato da convivência. Por outro lado, quando vemos uma criança com TDAH, existe uma alta chance que ao menos um dos pais tenham ou tiveram sintomas da doença. Há vários genes bem conhecidos relacionados ao TDAH e os relacionados à dopamina são mais importantes, como o DRD4. O site ADHDGene mantêm um enorme banco de dados para investigação e acompanhamento das descobertas da genética em TDAH.
Apesar da importante carga genética, existem fatores ambientais que predispõem ao aparecimento do TDAH e que podem ser prevenidos. Alguns são pré-natais, pela exposição intraútero a álcool, cigarro, heroína, alguns anti-hipertensivos e anti-depressivos. Outros aparecem depois do nascimento como a falta de uma alimentação balanceada com ácido fólico, omega 3, ferro e zinco.
Em termos sociais, o excesso de exposição a TV, videogames e aparelhos eletrônicos que são muito estimulantes para o cérebro, pode fazer com que as crianças não desenvolvam bem suas capacidades de prestar atenção concentrada em atividades não tão estimulantes e dinâmicas como nas aulas da escola ou na leitura de um livro. Além disso, a falta de socialização pode comprometer o desenvolvimento dos lobos frontais e afetar negativamente os mecanismos executivos.
Some-se a isso tudo o fato de que as crianças vivem sob uma rotina muitas vezes estressante. As demandas escolares são altas e as atividades extracurriculares ocupam o tempo que poderia (e deveria) ser dedicado à brincadeira, à fantasia e ao ócio que também são importantes para o amadurecimento cognitivo e psicológico dos pequenos.
Em resumo, pessoas com Déficit de Atenção e Hiperatividade têm uma forma peculiar de ser que é decorrente da organização de seus cérebros, mas os fatores ambientais também desempenham seu papel e se adequadamente controlados podem melhorar a vida dos portadores e talvez até diminuir a necessidade de remédios.