Um dos sintomas perguntados nos questionários de Déficit de Atenção é se a criança ou adolescente “parece que não ouve mesmo quando falam diretamente com ele”. Muitas vezes parecem que os filhos ouvem somente o que querem, mas para quem tem TDAH a comunicação é realmente um problema. É difícil capturar a atenção da criança, é difícil mantê-la concentrada na conversa e é difícil saber se ela entendeu bem o que lhe foi dito.
O problema da comunicação interfere com o processo de educação e algumas vezes a criança pode se sentir punida por algo a respeito do qual não foi devidamente avisada. É claro que foi, mas se a mensagem não entrou na cabeça dela, como ela pode ser responsabilizada?
O reforço positivo que envolve a premiação ou reconhecimento pelo bom comportamento tem muito mais poder de moldar a forma da agir do que as punições e castigos pelas atitudes negativas. O maior benefício do reforço negativo é genérico, qual seja de que o atos geram consequências. Enquanto os prêmios funcionam mesmo quando o comportamento foi realizado de forma espontânea ou acidental, as punições só têm razão de ser caso esteja claro que a criança violou intencionalmente um regra que ela previamente compreendia muito bem.
O objetivo é melhorar a comunicação para que as crianças saibam bem o que fazem e aprendam mais facilmente, com menos estresse para elas e para os pais e mães. Então vamos às dicas.
- Conversa sempre olho no olho: pessoas com déficit de atenção conseguem se concentrar melhor em situações um a um do que em grupos. Assim, é melhor conversar individualmente quando se quer favorecer o entendimento. Estabeleça o contato visual e garanta a total atenção na conversa.
- Eliminar distrações do ambiente: antes de falar, verifique o ambiente onde está a criança. Se houver distrações como TV, computador, videogame é melhor desligá-los. Caso isso seja impossível ou haja outras pessoas no local, é melhor trazer a criança ou adolescente para um local reservado. Garanta que ele ou ela não estão com pressa de terminar a conversa para voltar à atividade anterior.
- Declare suas ações: é importante que a criança entenda que os aparelhos estão sendo desligados para que a conversa seja melhor. Declare isso verbalmente para que não haja dúvidas e, de preferência, avise antes de agir para ela ter ciência. Exemplo: vou desligar um pouco a televisão para conversarmos, ok?
- Escolha os melhores momentos: crianças e adolescentes com Déficit de Atenção e Hiperatividade são bastante vulneráveis emocionalmente e podem ter momentos de descompensação nos quais mergulham inteiramente em sentimentos de raiva, rejeição, tristeza etc. Essa não é a melhor hora para conversar. O melhor é esperar que retornem ao estado normal para ter mais chance de pensarem mais racionalmente.
- Seja explícito(a): pessoas com TDAH podem ter dificuldade de se colocar no lugar dos outros e compreender outros pontos de vista. Portanto, é preciso conduzi-los para que enxerguem por outra perspectiva de modo bastante explícito. É preciso falar abertamente que um tal atitude gerou um determinado sentimento na pessoa atingida e todas as repercussões. Convém ainda perguntar primeiro como a criança ou adolescente enxergaram o fato para depois dar a outra perspectiva de modo a gerar uma comparação.
- Confirme a compreensão: Depois de transmitir a mensagem, não esqueça de pedir para que a criança repita com suas próprias palavras o que entendeu e faça os ajustes até que tudo tenha sido bem compreendido.
Pessoas com déficit de atenção e hiperatividade são especiais. Eles são como rochas brutas que não se moldam tão facilmente como a argila. Precisam de paciência, cuidado, repetição dos ensinamentos para que sejam efetivamente absorvidos. Com amor e perseverança, essas rochas podem ser lapidadas em jóias raras que brilham e iluminam o mundo.