Por que alguém tem Déficit de Atenção e Hiperatividade?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é a alteração de comportamento mais frequente na infância. Em geral, 5 a 12% das crianças em idade escolar têm TDAH, dependendo do país e de como são feitas as pesquisas. Os meninos são 3 vezes mais afetados que as meninas, mas acredita-se que as meninas com déficit de atenção sejam menos diagnosticadas. Estudos brasileiros detectaram em torno de 8% de prevalência do problema. Boa parte das pessoas terão uma melhora dos sintomas com o crescimento, mas 50 a 60% das crianças com TDAH permanecerão com sintomas importantes na fase adulta.

O Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno do desenvolvimento do cérebro que afeta principalmente os lobos frontais, mas também os gânglios da base e cerebelo. Além do déficit de atenção e hiperatividade, os pacientes podem ter impulsividade, dificuldade para avaliar riscos, dificuldade de se colocar no lugar do outro, problemas para organizar tarefas, dificuldade de controle do tempo, incoordenação e vários outros sintomas que normalmente não são percebidos por profissionais não-especializados ou inexperientes.

Estudos científicos demonstram que existem alterações no desenvolvimento do córtex cerebral, especialmente da região frontal. As causas que levam a essa alteração não são totalmente conhecidas. Entende-se que sejam resultantes de uma interação entre fatores genéticos e ambientais. Não há uma causa única para o TDAH, de modo que um complexo de sintomas gerados por um complexo de agentes causais leva a uma heterogenedidade de expressão da doença.

Certamente existe uma importância para o fator genético. Encontram-se evidências de sua relevância em estudos com gêmeos, com crianças adotadas, com famílias e também com mapeamento genético. Fica claro que o problema não é apenas por uma questão ambiental, cultural, sociais, afetiva pois mesmo se isolando tudo isso, a doença é frequente por influência da hereditariedade.

Dentre as alterações genéticas mais bem estudadas, estão os genes dos receptores de dopamina D4 e D5, bem como o gene do transportador de dopamina DAT1. Desde o DSM-V o diagnóstico de TDAH é permitido em portadores de outras síndromes, verificando-se um nível alto em pacientes autistas e em crianças com alterações genéticas como a Síndrome do X Frágil, Prader-Willi, Angelman e neurofibromatose. Tais alterações podem ser decorrentes de um aumento real dos mecanismos do TDAH ou uma consequencia de alterações no cérebro que acabam comprometendo também as funções atencionais e executivas.

Além dos fatores genéticos, sabe-se que o consumo de álcool, tabaco ou drogas pela mãe durante a gestação aumenta o risco de TDAH na criança. Bebês que nascem prematuros, com baixo peso ou com anóxia neonatal têm mais chance de desenvolver o TDAH. A exposição a pesticidas, Bifenil Policlorinados, Ftalatos, chumbo aumentam o risco para o problema, o mesmo acontecendo no caso de deficiência de ferro e zinco.

Fatores psicossociais também são relevantes e situações de pobreza, fome, falta de uma estrutura familiar e apoio dos pais, falta de cuidados e de estímulos cognitivos podem interferir negativamente no desenvolvimento do cérebro da criança pequena.

Quanto mais estudamos o Déficit de Atenção e Hiperatividade, mais facilmente podemos ver que as crianças com o problema sofrem por terem algo que as diferencia dos demais e sofrem duplamente quando sua condição não é valorizada e adequadamente tratada pela família e pela escola.

 

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